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FILHO DE FÉ, RESPEITE O PRECEITO

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PRECEITO: s.m. Aquilo que se aconselha fazer ou praticar; regra, ensinamento: os preceitos da religião.
 Ação de prescrever; prescrição.
Religião. Norma ou mandamento.
(Etm. do latim: praeceptum.i)

 

Toda profissão, todo esporte, toda lei, toda religião tem seus preceitos. Parece-me que a vida humana e social é regida dentre outras coisas de preceitos.

Não é diferente na Umbanda, todo umbandista do mais veterano ao mais novato sabe dos preceitos básicos para participar de um trabalho espiritual e é talvez uma das poucas coisas que são igualmente presentes em todos templos de Umbanda, diferenciando apenas um ou outro preceito mais específico de templo a templo.

Embora seja algo de conhecimento comum, observamos muitos negligenciarem preceitos fundamentais, ou seja, de fundamento.

Vivemos um período novo na Umbanda, de muita comunicação, de farta informação, estudos e acessos, no entanto, o ônus disso é muitas vezes a confusão, a dispersão ou mesmo a negação daquilo que é tradicionalmente fundamental em detrimento de uma “nova” consciência.

Hoje encontramos discursos inflamados e até mesmo bem construídos querendo desconstruir preceitos que são o que são porque foram assim ensinados pelos espíritos na Umbanda.

Alegar parafraseando Jesus, que o mais importante é o que sai pela boca e não o que entra validando comer carne e beber álcool em dias de trabalho espiritual é uma grande falta de entendimento básico sobre o que é preceito, bem como um ato de ignorância diante a mística da religião.

Sei que existem preceitos sem precedente e outros bem exagerados, talvez na minha ótica, pois não os pratico em meu Templo, porém o fato de eu não conhecer ou praticar, isso não invalida um preceito particular.

Realmente precisamos distinguir o que é preceito e o que é superstição, talvez seja aí onde nos esbarramos com muitos conflitos.

Preceitos são orientações importantes para nortear e conectar o fiel numa dinâmica mais profunda com sua espiritualidade. Muitas vezes pode parecer até purgativo e quanto mais difícil parecer um preceito, mais eficácia reflexiva ele oferece ao fiel. Pois é, na proibição daquilo que lhe é rotineiro em função de algo maior, lhe faz refletir sobre a diferença entre o Sagrado e o Profano, sobre sua capacidade de dedicação e comprometimento, sobre a sua disponibilidade em ser mais eficiente e mesmo sobre a real importância da religião na sua vida. Já vi muitos casos de pessoas se reformarem ao observar com dedicação os preceitos.

Para vegetarianos o preceito de não comer carne um dia antes do trabalho espiritual não significa nada, ele de certa forma vive este preceito todos os dias, este indivíduo não precisa abrir mão de nada neste caso, de modo que não propõe nenhuma reflexão no período.

Numa ótica litúrgica, preceitos tem portanto o objetivo que religar (religare) o fiel com o Sagrado. No entanto, como na Umbanda existem questões mais complexas, consideramos o plano das energias e todos e tudo como energias, então os preceitos contemplam as particularidades que viabilizam maior sutilização e purificação do campo energético e magnético daqueles que participam do trabalho espiritual.

Perceba que em nenhum momento digo que os preceitos servem apenas aos médiuns, embora muitos acreditam que sejam. Um erro. Os preceitos servem para todos que compõem o corpo interno de trabalhadores da Gira, ou seja, médiuns, cambones, curimba e todos com qualquer outra função que estejam participando diretamente do trabalho espiritual, portanto somente a consulência está livre das orientações preceituais.

Então compreenda que os preceitos não são opcionais e tem fundamento.

Abaixo listo alguns preceitos básicos e comuns.

Banho de Ervas – antes de ir para o Templo, tem como objetivo limpar e sutilizar o campo energético em camadas mais superficiais. O modo de preparo e as ervas a serem utilizadas é específico a cada Templo;

Carne – não comer carne 24hs antes do trabalho espiritual, no mínimo 24hs. E é todo tipo de carne. Tem como objetivo minimizar os impactos vibratórios densos mais internos ocasionados pela ingestão destes alimentos. A carne é impregnada de energia densa, por conta do sangue, muitas vezes do sofrimento no abate e criação. Sua digestão também é lenta e isso altera nosso metabolismo e faz concentrar muita energia na digestão. Após 24hs nosso campo energético já terá metabolizado este magnetismo e retomado o padrão;

Ingestão Alcoólica – o elemento etílico é potencialmente densificador vibratório e magnético, impregnando o campo áurico de uma energia desestabilizadora. Após ingerir bebida alcoólica desde que moderadamente, demora cerca de 24hs para ser metabolizado pelos chakras e o padrão vibratório se restabelecer;

Relação Sexual – evitar relação sexual 24hs antes dos trabalhos. Muitos questionam que se praticam o sexo com parceiro fixo, cheio de amor, então deveria ser revisto este preceito. Esta idéia tem como precedente uma visão errada do sexo de que seria ele algo nocivo. Mas não se trata nada disso.

A observação deste preceito se dá, pois com ou sem amor, na relação sexual o campo energético em todas escalas é inundado pela energia do parceiro, alterando completamente a estrutura magnética do seu campo vibratório, o que dificulta a fusão magnética entre as entidades e os indivíduos. Após 24hs já terá sido metabolizado e restituido o padrão magnético do indivíduo.

Existem muito outros preceitos mais específicos. Aqui pontuei superficialmente os 4 básicos que encontraremos em qualquer templo.

Sendo assim, fica o alerta para que você filho de fé da Umbanda, observe, respeite e pratique com empenho os preceitos. Isso lhe dará maior consciência religiosa, maior entrosamento espiritual e é uma das dinâmicas construtoras de uma espiritualidade religiosa mais refinada.

Ser Umbandista é contemplar em prática diária com amor, tudo aquilo que aprendemos no Templo.

Salve a Umbanda, Oxalá nos abençoe!

(imagem retirada da internet)

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Arquivado em Mediunidade, Umbanda

RELIGIÃO E POLÍTICA – Parte 01

Por Rodrigo Queiroz

Esta combinação sugerida no título é ainda motivo de intensas discussões e normalmente pouquíssima reflexão producente. Pois é, falar de Política na Religião é filosoficamente tão paradoxal quanto o tema “Razão e Fé”.

Religião é o Sagrado, sim, isso é verdade; e Política é sacanagem, coisa ruim, jogo de interesses mesquinhos e… ops “pera aí”.

Imagino que os grandes democratas da Grécia Antiga se decepcionem com o que ocorre no sistema político do planeta atualmente quando se trata de troca de vantagens, propinas e mensalões da vida.

É certo que eu poderia tomar sua atenção tão preciosa para escrever centenas de páginas sobre as problemáticas sistêmicas da engrenagem política no país, e também é certo que posso usar o mesmo tanto de páginas para apontar coisas interessantes que já se fez e faz neste país e que, por não atenderem ao sensacionalismo e não vender mídia, não são tão expostas.

No entanto, neste primeiro momento, quero usufruir de sua especial atenção para refletirmos sobre princípios equivocados a respeito do tema proposto.

Religião, em síntese, é uma estrutura idealizada pelos homens para se relacionarem com o Sagrado, na intenção geral de estimular as virtudes, potências e proporcionar a tão perseguida transcendência consciencial nos indivíduos.

Muito bem, religião não existe sem indivíduos, todos os indivíduos pertencem a uma sociedade, um Estado, um Município, um País.

Já a Política é uma manifestação comportamental e natural nos indivíduos humanos e também no reino animal, tratemos aqui do H. Sapiens Sapiens. A Política sistemática, como a conhecemos, pretende ser uma estrutura para tratar das relações humanas a fim de atingir resultados esperados para a coletividade, esta que chamamos de sociedade.

Pois bem, antes da religião, portanto, temos a natureza política e o exercício político por excelência. Um templo religioso congregará indivíduos num contexto muito particular, mas que ao sair daquela estrutura voltam para a realidade social, existencial, palpável. O indivíduo continuará a se deparar com o trânsito, com as pessoas, com suas necessidades básicas e objetivos diversos.

A bem da verdade é que Religião é também uma maneira política de se relacionar com Deus, com o Sagrado, e que é tão natural no homem holístico.

Querer afastar o exercício e a participação política da religião é o mesmo que afastar Deus da sociedade. Percebe? Uma coisa está atrelada a outra.

Até aqui estou tratando da natureza comum aos homens, o religioso e o político.

As religiões se organizam normalmente sempre tendo um líder da comunidade, assim é a política democrática em nosso país, onde elegemos líderes para tratarem de interesses e necessidades dos grupos sociais.

Acontece que existe um ranço contra política e seus operadores, os políticos. Há um desânimo e profunda descrença na dignidade humana. Claro que não por acaso, por exemplo, estamos em pleno julgamento de um dos maiores casos de corrupção da história de nosso país. É constante virem à tona escândalos do gênero. Mas não esqueça, quem faz isso são cidadãos, entes humanos, muitas vezes com menos caráter do que eu e do que você.

Por outro lado, vemos frequentemente escândalos por desvio de conduta de muitos líderes religiosos: “Padres” pedófilos, “Pai de Santo” traficante, “Rabino” ladrão de gravatas, “Pastor” agressor e assim por diante. A questão é: a religião é o indivíduo? Ou o indivíduo está na religião? É a religião que ensina isso, ou é o indivíduo que é oportunista?

Quando falamos de políticos corruptos, imundos e sacanas, a mesma pergunta: política é o indivíduo? Ou o indivíduo está político? Quem rouba, a política ou o político?

Percebemos, numa reflexão mais profunda, que a política é tão metafísica quanto a religião, e o homem é quem concretiza de maneira boa ou não aquilo que exerce e representa.

Sou Umbandista, vejo diariamente denúncias de supostos “sacerdotes” cometendo atrocidades diversas dentro e fora do meu meio religioso. Não me espanto com os escândalos e, de certa maneira, acho bom, assim vai ficando claro que minha religião não é aquilo e que mais um indivíduo está fora de circulação e não poderá mais usar o nome da minha fé em vão; e, por outro lado, trabalho diariamente para fazer completamente o contrário, para expandir, ensinar e enaltecer a minha fé, meus irmãos na fé.

Assim penso que deve ser na política, pessoas de bem devem pleitear cargos políticos se desejarem tirar de circulação os charlatões, os falsários, corruptos e bandidos que se aproveitam da fé social do povo, ludibriam e sacaneiam.

Viu? No exercício prático, não vejo diferença entre religião e política.

As várias religiões são como os vários partidos, ou seja, maneiras grupais de ver e entender Deus e a Sociedade respectivamente. Mas que, independentemente da diversidade, é preciso existir em harmonia, pois tudo junto traz um bem maior.

Em nosso país, de dois em dois anos temos o processo eleitoral democrático, algo pelo qual meus avós e pais lutaram para conquistar e que hoje muitos de minha geração pouco compreendem a grandeza.

Pra mim não se trata de um ciclo para “obrigatoriamente” dar poder a maus políticos, trata-se de um ciclo de renovação de esperança, de responsabilidade cidadã, de participação para uma Cidade, um Estado e um País melhor.

É verdade, eu creio seriamente nisso, por isso é preciso saber em quem você deposita o seu voto, saiba que seu voto é a delegação de poder de algo que você gostaria de fazer, mas que outro deverá fazê-lo.

Não vote em discursinhos baratos ou em troca de nada, tampouco acredite em excesso de promessas, a verdade é que pouco se consegue fazer no tempo determinado, o importante é que se faça o certo, pois de pouco em pouco fazendo o certo em algumas décadas temos uma realidade melhor.

Cuidado com o discurso do tipo: Umbandista vota em Umbandista, Católico em Católico, ou coisa do tipo. Agora o que vale é o Cidadão votando noutro Cidadão, este que recebe o poder não poderá ter estes rótulos, e deverá promover melhorias que vão além de suas particularidades.

Tem muita gente se aproveitando, cuidado! Pesquise sobre o indivíduo, não só o que ele mostra, mas o que outros mostram sobre ele.

Aqui em Bauru, por motivos diversos, para Vereador eu voto em Mantovani 45.444.

Voltarei noutra postagem continuando esta reflexão. Deixe seu comentário, é importante.

Encerro com uma reflexão:

“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam.”

– Platão –

Grande abraço,

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