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Além das Influências está a Legitimidade

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Há anos insistimos para um novo olhar à mediunidade praticada no ambiente de terreiro. Refutamos a generalização posta para o sentido mediúnico na obra “kardequiana” não sem considerar de extrema relevância como objeto primário de estudo sobre o tema e de fundamental importância ao público que se destina.
Umbandista não é Espírita, Umbandista praticante não é Ramatiano, Umbandista é Umbandista.
Estas considerações podem parecer duras mas se você leitor pôr-se a reflexão sensata começará a descortinar um novo entendimento.
Ramatís por sua vez, junto com Hercílio Maes, ampliou o olhar sobre a mediunidade em seu clássico Mediunismo – Ed. do Conhecimento e no entanto não esgota o assunto como também inevitavelmente concentra suas reflexões para o novo movimento que se estabelecia, o Ramatiano.
Desde então o Umbandista para compreender sua mediunidade precisava beber de outras fontes, de outros focos sobre o que se passava, o mesmo ocorreu com nossos antecessores onde muitos para compreender a Umbanda foi buscar resposta no Candomblé, na Nação, no Espiritismo etc se esquecendo de perguntar a quem é de direito, a própria Umbanda.
Quero reiterar a peculiaridade que é o trabalho mediúnico de Umbanda, os desdobramentos que se desenvolvem numa Gira.
Tudo o que envolve o trabalho de Umbanda, defumação, ponto riscado, curimba, vela, ervas, líquidos etc. Isso não é crendice, não é opção, tem fundamento, tem sentido, tem necessidade é específico e peculiar. Todo este complexo uso de elementos e ritos num trabalho de Umbanda gira em torno da mediunidade, esta portanto que é própria deste ambiente.
Não há acaso, ninguém se estabelece convicto numa vibração religiosa, isso é ancestral, é um reencontro, um chamado e uma via particular da sua trajetória evolutiva.
Por isso tantas religiões, mesmo mediúnicas e tantos fiéis e ativos religiosos em todas elas.
Estabelecer-se numa vivência religiosa e mediúnica não acontece por convencimento discursivo, não é meramente uma relação intelectual, negativo, trata-se de uma relação profundamente emocional, de alma, que transcende o intelecto e a capacidade de discursar sobre efetivamente porque ali você se sente em contato com Deus. É místico e é poderoso. No entanto uma vez arrebatado é que começa a verificação racional, o entendimento dos processos e crença, naturalmente.
Portanto a mediunidade para aquele que nasce inclinado para a seara espírita (mesa branca) é vibratóriamente diferente daquele que tem inclinação para a Umbanda e assim em todos os casos.
Estudar a Mediunidade na Umbanda é portanto a porta de entrada para um compreensão específica, particular daquele que vivencia uma realidade única em seu corpo, no transe e no rito.
Por isso você Umbandista é convocado a mergulhar neste estudo, entender-se a medida que entende seu Sexto Sentido Sensorial, a Mediunidade.

LINK PARA O CURSO: http://goo.gl/MVN9hT


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Arquivado em Ensino a Distancia, Mediunidade, Umbanda

VIVÊNCIA MEDIÚNICA E RESULTADOS TERAPÊUTICOS

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A mediunidade, é sabido, trata-se da capacidade dos indivíduos interagirem com outras realidades. Não é o corpo que traz mediunidade, sim o espírito humano, de modo que a mesma se manifesta também nas realidades espirituais, não é algo apenas para os encarnados.

No entanto aqui nossa reflexão se dá especificamente no questionamento sobre: quais desdobramentos positivos o exercício mediúnico oferece ao indivíduo?

Sei que esta questão proporciona infinitas respostas, entretanto no meio Umbandista cabe observações bem críticas sobre o que se pensa, se ensina e se reproduz neste campo.

Dia destes ministrando uma aula na Formação Mediúnica lembrei-me de alguns absurdos que ouvia no meu início na religião, certa vez ouvindo duas senhoras dialogando sobre suas vivências mediúnicas comentaram que não gostavam de trabalhar com preto velho, me assustei com tal afirmativa, me parecia inusitado que alguém fizesse este tipo de alegação, eu muito curioso e ainda sem nada entender sobre estes assuntos questionei o porquê desta objeção e uma delas lamentou: – É que meu nego véio morreu com envenenamento na perna, e sempre que ele vem eu sinto muitas  dores na perna e só no dia seguinte passa a dor.

Elas continuaram nesta linha de afirmações, é claro que me assustei, deveria este tipo de “ensinamento” no mínimo me afastar desta nova religião, ao mesmo tempo achei incrível que alguém tivesse tantas sensações físicas e era uma pena que fosse dor, eu só sentia vibrações, achava o máximo esta experiência e isso bastava.

Claro que mais tarde eu descobriria, que estas ideias são equívocas, não se fundamentam na prática mediúnica saudável e certamente são reflexos da incultura sobre mediunidade ainda muito presente na Umbanda.

Vamos nos desprender deste apego fenomênico, fantasias e inutilidades conceituais e olhar mais atentamente sobre a rica experiência mediúnica que a Umbanda proporciona.

No momento da incorporação, o médium se encontra num estado alterado de consciência, ou melhor, estado mediúnico de consciência, ou seja, suas ideias, pensamentos normalmente não são mais seus, ao menos não em sua totalidade, a mente do médium é sobreposta por outra consciência, esta que transcendente, normalmente superconsciente e conduzirá o médium para um desdobramento percepcional profundo, intenso e pontual. Pois cada nova conexão/incorporação, uma nova proposta lhe é oferecida. E este desdobramento é um olhar para si, ainda que esteja presente neste momento uma ponte, o consulente, pois é, no objetivo de interagir com os consulentes que vem em busca de uma ajuda qualquer, estamos sempre diante pontes para nos acessarmos, pois o acaso é pouco provável e todos nós somos semelhantes também em nossos desafios, problemas e dificuldades.

Se o caso de um consulente é o desemprego, este é apenas o resultado da consequência, não é isso que cabe aos guias ou mesmo ao médium observar, não se trata de oferecer simpatias, receitinhas de “como arrumar um novo emprego”, até porque todo mundo sabe, visite RHs, simples assim. Mas, a questão é atentar-se nos desequilíbrios que dificultaram o envolvimento do indivíduo dentro da estrutura de trabalho que outrora estava envolvido e que provavelmente configura a paralisia neste processo, ou seja, o desemprego que por si só potencializa outros desajustes e desequilíbrios.

Vivemos num mundo doente, uma sociedade doente, uma cultura doente, desequilibrada, desajustada e é neste contexto atual que vemos cada vez mais médiuns surgindo, milhares de pessoas diariamente descobrindo-se médiuns. Há, portanto uma proposta.

Esta condução do “olhar para si”, promovido por outras consciências sobrepostas á sua, é a manifestação do amor que existe numa grande teia relacional a qual cada um de nós estamos emaranhados e que envolvem encarnados e desencarnados, a isso denomino de cidadania espiritual, mas isso já é outro assunto. Portanto, o exercício mediúnico é a constante e preciosa oportunidade para um despertar consciencial, estamos imersos num oceano de ilusões e desarranjos, logo, desenvolver autonomia, personalidade e pertinência no mundo tem sido cada vez mais um grande desafio.

À medida que o indivíduo compreende esta questão, absorve a sabedoria dos espíritos/consciências que interagem na sua mediunidade, inicia-se também uma vivência de maturidade espiritual, pois ouvir a voz do outro é dar ouvido a sua voz interior, levar em consideração os conselhos e ensinamentos é oportunizar para si uma integração com o todo, o contrário disso é dissociação e solidão, portanto dor e sofrimento.

É aí que começamos observar o fator terapêutico do exercício mediúnico. Não confunda com a ideia de tratamento, não é isso, terapia na vida moderna virou sinônimo de tratamento imediato. O fator terapêutico da mediunidade é a rotina proposta do olhar para si, mesmo que para isso você esteja olhando para o outro. É um constante libertar-se, é uma proposta de vida saudável a medida que você aplica no dia-a-dia a experiência manifestada no momento do transe, ou, do estado mediúnico de consciência. De modo que não cabe nesta vivência o apego ao fenomênico, á superficialidade e ao ego.

Mergulhar rotineiramente noutras consciências e validar esta experiência na sua autonomia comportamental configura resultados poderosos e se você, médium, ainda não se considera prova destas afirmações é porque certamente tem deixado todas positivas influências dos espíritos “subirem” com eles quando o transe acaba, volta para sua casa e sua vida fora do templo como se nada estivesse lhe acontecendo, esta postura é nefasta e cedo ou tarde culminara num profundo vazio e o clássico questionamento: o que estou fazendo? Qual a utilidade disso? Estou no caminho certo?

Refletir, introspectar e se encontrar nestas conexões, traz paz, serenidade e sensibilidade. Estas que são exigências mínimas para uma vida integrada com a natureza, com o seu meio. Sendo assim, nada é mais terapêutico, salutar e poderoso do que a mediunidade refletir na vida com resultados pacificadores.

Vivencie!

Saudações, Oxalá nos ilumine!

Reflexões sobre a vida mediúnica, 30/09/13, 5hs30

Fonte: http://www.rodriqueiroz.blog.br 

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Educação Religiosa como Instrumento de Evolução

“Mas ouço clamar de todas as partes: não raciocinai! O oficial diz: não raciocinai, mas fazei exercício! O conselheiro financeiro diz: não raciocinai, mas pagai! O padre: não raciocinai, mas crede!”

– Kant –

 Por Rodrigo Queiroz

(Este texto compõe o material de apoio do curso online “MEDIUNIDADE NA UMBANDA”, matricule-se)

“Fazia algum tempo que o João conheceu um terreiro de Umbanda, lá dentro ele sentia-se muito bem, era como se tivesse em casa. Pensava que realmente tinha encontrado Deus. Era tudo bonito para ele, gostava do som dos atabaques, as danças, enfim…

João fora informado que na Umbanda tudo o que alguém precisa saber os guias ensinam e que portanto não precisa se preocupar em buscar compreender todo aquele Universo simbólico e profundo que existe no terreiro e na Umbanda.

Após um tempo João encontrou dois grandes amigos de infância numa festa, e após muito papo o José lhe perguntou se ele praticava alguma religião.

João respondeu naturalmente que estava frequentando um terreiro de Umbanda, o que provocou um susto nos amigos, que lhe indagaram:

– Mas meu amigo, isso é macumbaria, porque foi procurar um lugar destes?

– É isso mesmo João, eu já fui num lugar destes e o que vi não pode ser de Deus!

– Vocês estão enganados, é muito bom, só recebo bons conselhos, estou feliz!

– Mas é isso que eles fazem, enganam e iludem para depois levar pro inferno.

– João, está na bíblia que Deus não precisa de intermediários, para que então estes espíritos ficam baixando nestes lugares?

– Bem, é que precisam evoluir…

– Evoluir? Por que não evoluem lá de onde estão? Para que tantos “deuses”?

– Não são “deuses”, são Orixás.

– É? E o que são Orixás?

– Bem… São…

– Estes tais Exus, que se contorcem, bebem etc. Isso é exemplo de evolução?

– Estão aqui para nos ajudar…

– Mas são os mesmos que lá na Igreja que eu vou falam que vem destruir as pessoas.

– Mas…

– João, quais as crenças da Umbanda? Como que vocês explicam a criação do mundo, de onde viemos, para onde vamos? Qual a bíblia de vocês?

– Ora amigos, meu guia ainda não ensinou estas coisas… – João tentou desviar do assunto já envergonhado por não ter as respostas.

– Hã?!? Sei lá João, você é meu amigão e estou preocupado com você, pense no que falamos, você pode estar sendo enganado. Procure uma igreja, pare com este atraso de vida, veja, você nem consegue responder nossos questionamentos, isso é muito estranho…

João encerrou o assunto, depois da festa voltou para casa e antes de dormir ficou pensando no ocorrido. Aquilo o incomodou demais e considerou que seus amigos realmente poderiam estar corretos. Como João não gosta de incertezas e de sentir-se envergonhado por não saber falar sobre algo que lhe parecia bom, então achou por bem ‘dar um tempo’ ao terreiro”.

Neste caso hipotético temos o retrato de que todo aquele que não conhece sua religião fica sujeito a perder sua religiosidade, e esta fragilidade se dá de variadas formas, provocando no fiel a dúvida sobre a legitimidade espiritual daquilo que se, por um lado fala ao coração, por outro não corresponde à razão.

Em tempos de rápida evolução tecnológica e facilidade de informação, nós humanos, que somos naturalmente seres racionais e precisamos usar esta condição para justificar nossa natureza, não conseguimos permitir que sejamos envolvidos por algo apenas pelas emoções, pois cedo ou tarde a razão cobra do coração uma satisfação sobre os caminhos e escolhas que estão sendo definidos.

Também vivemos um período de “guerra santa midiática” e este confronto é definido através de argumentos e convicção racional das opções definidas pelos indivíduos. Portanto, não sou Umbandista meramente porque gosto do ambiente do terreiro, das pessoas, do cheiro, do som e do entrosamento com os espíritos.

Sou Umbandista porque sua Ciência (teologia) e sua visão cosmológica sobre a existência alimentam minha necessidade racional de saber sobre a origem das coisas, sobre Deus e sua atuação no Universo.

Sou Umbandista porque me sinto livre e responsável por mim, porque aprendi estudando-a que não temos prisões conceituais, e que ser livre em pensamento e atitudes é na verdade o maior desafio na experiência humana.

Sou Umbandista convicto, em paz e envolvido, porque através de profundos estudos dentro da religião encontrei respostas coerentes para entender a dinâmica de um terreiro, fundamentos para os elementos utilizados, compreensão sobre o que é a magia da Umbanda e aprendi inclusive a entender tamanha diversidade dentro de uma religião tão nova e territorialmente pequena.

Contudo, sou Umbandista porque me livrei da amarra de ficar esperando as respostas caírem do “céu” e fui motivado a ser um buscador, e ao alcançar posso ser um facilitador para todos aqueles que sinceramente buscam.

Não sou Umbandista pelas emoções ou porque vi coisas espetaculares que até “Deus duvida”, porém sou Umbandista porque ao conhecer e estudar esta religião fui imantado de tanto saber que minha alma ficou em paz, pois a falta de coerência que eu encontrava em outras vertentes religiosas foram na Umbanda supridas e assim me senti Umbandista, a tal ponto que me sinto apaixonado e emocionalmente completo na minha busca à evolução espiritual.

Falando em evolução espiritual percebi desta forma que somente através de uma educação religiosa é que de fato possibilitamos a evolução, pois entendi que ir ao terreiro, rezar, cantar, dançar etc. não garantem a evolução de ninguém, apenas possibilitam exercitar a religiosidade que só está naqueles que realmente entendem a religião, sua crença, seus preceitos, suas dinâmicas e sua visão cosmológica da existência, pois quando nada disso eu sei, logo quando um grande conflito me acometer, serei provocado a buscar uma “religião mais forte” ou coisa do tipo, pois não terei aprendido que de nada adianta buscar forças externamente e que, como ensina as lições da Umbanda, nós temos a força dentro de nós, e Deus atua na Umbanda como em todo lugar, eu é que devo modificar meus padrões de comportamento que por vezes me criam situações desagradáveis.

Por fim leitor, eu aprendi a aprender e digo a você que busque o conhecimento sobre esta religião para sentir-se religioso e não permita que ninguém lhe iniba nesta busca, pois a busca ao saber é pessoal, intransferível, um patrimônio só seu, ninguém pode interferir na busca de ninguém, pois se assim age é porque pretende mantê-lo na mesma treva da ignorância que ele se encontra.

Assim busque sua educação religiosa e acesse ferramentas que possibilitarão a tal almejada evolução, e ao alcançar uma consciência religiosa, você sentir-se-á Umbandista de fato.

Eu, ao buscar e encontrar o saber, entendi que tudo o que sei é pouco e, portanto, aprendi que ainda que eu possa contribuir na busca de outros eu sou um eterno aprendiz…

Grande abraço, saravá!

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Vamos estudar Mediunidade na Umbanda?

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