Saudações leitor!
Dou continuidade ao tema iniciado no texto Religião e Política – Parte I, onde o objetivo era especificamente proporcionar uma atmosfera reflexiva sobre a temática, que a meu ver é percebido equivocadamente no meio religioso Umbandista.
Após todo o texto em uma rápida frase indiquei em quem eu voto para vereador na minha cidade. Pronto, foi o suficiente para muitos interpretarem erroneamente minhas intenções e ao mesmo tempo esquecer tudo o que refleti. A ideia de continuar essa temática era outra, mas o resultado da primeira publicação foi tão “surpreendente” que me obriga a usar essa situação como base para o que seguirá.
Recebi dezenas de e-mails de leitores literalmente indignados pelo fato de eu revelar meu voto/apoio a um candidato. Mas não se trata de bauruenses ou mesmo algo contra o candidato, não, não. A “dúvida” de alguns é sobre minha idoneidade pra ser bem sincero.
Vejamos, um questionamento que se repetiu por muitos foi: “Quanto estou recebendo para apoiar tal candidato?” ou “Quais benefícios me foram prometidos?” ou ainda “Se eu estou de olho em uma carreira política”. Também teve alguns mais exaltados que ficaram “decepcionados comigo”, pois como muitos colocaram: “Um sacerdote não pode tomar partido ou apoiar políticos”, enfim…
Concluo que de fato, como indiquei no primeiro texto, existe uma descrença maciça no indivíduo político e que todos que o são, bem como os simpatizantes, são todos “farinha do mesmo saco”, leia-se que o saco é o mesmo que bandido, corrupto, sacana, mau caráter etc.
Desculpem-me, não consigo pensar desta forma, primeiro porque não sou tão pessimista e acredito de verdade nas pessoas, e também não sou tão manipulável a ponto de crer em conceitos vendidos.
Sei plenamente o quanto a estrutura política no Brasil está estagnada, trincada e corrompida, mas também sei que os bandidos do poder querem mesmo é que o povo fique assim, descrente, já que a máquina não irá parar por isso, e assim fica tudo mais fácil pra eles a ponto de o povo votar em qualquer palhaço para ingenuamente protestar contra os vilões do poder.
Na verdade, tenho visto cada vez mais pessoas de bem, que se engajam na política partidária após fazer muitas coisas em prol do seu meio de forma independente e que sabe que num determinado momento para se fazer mais e melhor para a sociedade só mesmo via política. E é desses bons cidadãos que falo, que procuro votar, apoiar e divulgar. São indivíduos com os quais me identifico, em que as ideias se encontram, que me transmitem confiança, verdade e trabalho executado, é simples isso.
Penso que se hoje ainda temos muitos poderosos bandidos políticos, então que mesmo lentamente coloquemos no poder pessoas de bem, comprometidos com o melhor para a sociedade, e estaremos assim colaborando para um futuro melhor, onde a maioria é boa, e o mau não encontra tantas oportunidades.
Quanto ao fato de eu, na posição de sacerdote, não poder apoiar politicamente, isso é uma hipocrisia retrógrada, pois é justamente o contrário, sei bem meu papel, o quanto as pessoas tomam como fundamentais minhas opiniões, tenho muito zelo quanto a isso e jamais agi de forma leviana e, por serem verdadeiros meus sentimentos para uma sociedade melhor e com pessoas de bem no poder é que sou movido a tornar público meu apoio e pedir que as pessoas o levem em consideração.
Dizem que na política é tudo jogo de interesses, concordo, também tenho muitos interesses, que visam ao bem coletivo, então se estes forem os interesses de um candidato, não em palavras mas sim em atos, então tem minha simpatia.
Questionam se eu não tenho medo de me decepcionar, não, não tenho medo, já me decepcionei com amizades, com religiosos, com familiares, e isso faz parte da vida social. Sou fiel no que acredito, se amanhã me decepcionar não terei nenhum pudor em tornar público tal fato, como já faço no meio Umbandista. Quem tem medo de se decepcionar e coloca isso à frente da sua vida então não pode sair de casa, não pode conhecer pessoas, não pode namorar, não pode trabalhar…
Pontualmente aqui na cidade onde nasci e vivo, o candidato que apoio já tem um excelente trabalho realizado tanto na condição de vereador como paralelamente, enquanto cidadão, isso precisa ser observado e valorizado.
Tenho irmãos de outras cidades e estados que são líderes religiosos e comunitários também, apoiando outros candidatos, onde o que impera são essas mesmas considerações acima, a esperança real de dias melhores, não para a religião, mas para a sociedade.
Eu fujo dos discursos onde a bandeira religiosa é o único argumento do candidato, desculpe, pra mim não convence. É preciso muito mais que isso. De modo que aquele realmente conhecedor das necessidades práticas da cidade, que mantém proximidade das particularidades sociais e tem uma real postura de combate a todo tipo de preconceito, esse me é simpático, pois saberá lidar com o Umbandista, com o Católico, com o Judeu, com o Gay, com o Índio, com o Negro, com o Rico e o Pobre de igual pra igual, pois independente dessas particularidades são todos cidadãos, todos têm RG, CPF, Título de Eleitor e têm as mesmas necessidades básicas, como todo ser humano.
Portanto, vote consciente, ou seja, conheça, pesquise sobre seu candidato, entenda para quem está dando seu voto.
Tem quem não se importa com nada disso, acha que seu voto é um só dentre milhares.
Pra mim meu voto é tudo, é determinante, gosto de pensar que sem ele tudo pode ser diferente e que ele é tudo o que precisamos, sem ele meu candidato não ganha. Penso que meu voto é o voto de ouro, e assim sinto o peso da responsabilidade de exercer conscientemente minha cidadania. Por isso, não há preço, não há troca e nem fiado, há sim uma relação de confiança e esperança.
Portanto, no dia 07 de Outubro, vote com alegria, com certeza e determinação.
Ah, e para que não reste dúvida, não tenho interesse em carreira política, nem estou recebendo benefício algum para ter opinião, tenho apenas a vontade de colaborar conscientemente por uma cidade melhor, que é o caso das eleições de 2012.
Grande abraço, axé!
DEIXE SEU COMENTÁRIO, SE GOSTOU COMPARTILHE!
Em Bauru-SP – para vereador voto em Mantovani 45.444
Perfeito seu texto e sua colocação Rodrigo. Entendo perfeitamente o que você deva estar passando e sentindo. Estamos passando exatamente a mesma coisa em nosso Templo em Valinhos. Diante do trabalho social que realizamos, um candidato ao cargo de vereador, que sempre nos ajudou muito em nossas campanhas e que também faz um trabalho social muito bacana em nossa cidade, se aproximou do nosso Templo. Acabamos por apoiá-lo e agora sofremos algumas “represálias” de outros candidatos e até irmãos de outros templos e religião. Chegamos, como você, a ouvir “quais os benefícios vocês estão recebendo para apoiar esse candidato.” Como se tudo na vida fosse sempre a base da barganha, de ganha-ganha, de toma-lá-da-cá. Claro que vamos ganhar alguma coisa com isso, se acreditarmos na mudança, na renovação política e até da sociedade. Podemos, todos, como sociedade, ter uma melhor qualidade de vida, saúde, educação, transporte, segurança para toda a população.
Salve irmão, obrigado pelo comentário.
Vamos participando, a omissão é tão criminosa quanto a intenção de prejudicar. Façamos algo de bom nesta política.
Axé
Parabéns foi excelente seu esclarecimento e transparente! Penso que desta forma consciente todos poderiam votar, para que as chances de decepções com seu voto sejam menores.
Obrigada mais uma vez Rodrigo Queiroz, ontem passei pela mesma situação e confesso não ter sido natural pra mim também. Mas ao ler seu texto as coisas clarearam.
Parabéns Rodrigo, assim é que se faz, enfrentar os preconceituosos com firmeza e fé na vida que é o que não te falta, graças a Deus. Grande abraço. Rosângela.